Teatro Municipal, o que será de você?
publicado em 24 de agosto de 2008
As dúvidas sobre as obras do Teatro Municipal parecem ser uma coisa comum entre a maioria dos rondonopolitanos. Este projeto, assim como o meu Flamengo, o meu União e até mesmo a nossa seleção – que triste! –, já foi considerado um cavalo paraguaio. Da mesma forma, todo aquele alvoroço em torno desta obra, que levaria o mérito de uma das mais ilustres das poucas boas idéias no campo da cultura dos últimos tempos em nossa cidade, foi igualmente perdendo a força. E logo vem a preocupação dos culturalmente afeiçoados: o que será deste “tão” esperado projeto? Pelo que eu ouvi dizer, está dependendo do abatimento do imposto que se dá pela concessão de algumas empresas às vias do Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC. Tranqüilo. Tudo leva tempo. Até mesmo para a conquista de um título no futebol se decorre algum prazo. Mas a vantagem dos times – e o que não os leva a igual urgência – é que os felizardos ao menos têm o estádio para se apresentar. Depredado, às vezes, mas o têm. Assemelhado a uma arena, como dizem, mas o têm!
E o time da cultura? Onde estão seus atacantes? Digo, onde estão os idealizadores para lutar pelo prosseguimento desta obra entravada? Os prospectos, cadê? Cadê a justificativa pública? Minguou. Assim como a campanha de certos times naquelas decisões. Agora, sim, campeonatos futebolísticos, nós temos periodicamente, com uma regularidade que é um exemplo. Aliás, o futebol dá uma conta de si que é intragável. Seja como for, começando bem a campanha e logo acabando mal, ou até mesmo daquele jeito que ninguém quer lembrar: com pancadaria, bomba de pimenta, fogaréu de camisetas, quebradeira ilimitada e ainda time da casa perdendo. Tanto faz! O evento sempre acontece. O futebol sempre tem a sua chance logo à frente, com um monte de gente querendo injetar grana para ver “a coisa” acontecer. Não é uma maravilha? Claro que é. O esporte também promove a inclusão social e deve ser, sim, objeto de investimento.
Contudo, neste dia 24 de agosto, em que se comemora o Dia do Artista, ressoa aquela pergunta das raríssimas vozes que se dão à ousadia: e a cultura, doutor? E a cultura…?
Neste período de campanha, momento mais que oportuno para discussões como esta, pouco se fala deste assunto. Mas, no tocante a sua importância no contexto municipal, ninguém pode dizer que um - ao menos um - teatro próprio da cidade é uma coisa dispensável. E se tem gente por aí que se promove politicamente por meio de tantas propostas, por que não entrar para o time dos artistas e voltar a falar do Teatro Municipal? Afinal, não é ele o marco histórico da cultura da nossa cidade? Ainda não é isso?
(*) George Ribeiro é produtor cultural, presidente do Grupo de Expressão & Desenvolvimento Artístico. E-mail: george@georgeribeiro.com.br
Dia 24 de agosto se comemora o Dia do Artista. A Arte é a transcendência do real. As manchas de tinta em um quadro, os passos da dança, a música, a expressão do ator no palco, o verso da poesia, tudo isso simboliza o estado da consciência humana que abrange sua percepção, emoção e sua própria razão de ser.
Ser palhaço é sentir a criança despertar no peito, querendo lançar-se fora ao som de uma risada. É entrar em um universo colorido, radiante, com música alegre. Ser palhaço é poder energizar-se da alegria. É viver em um mundo mágico, onde não há tristeza.
Muita gente tem cobrado, “E agora, George? Qual vai ser a próxima peça? Qual o novo projeto?”. A verdade é que estamos passando por um momento nada favorável. Esta politicagem, voltada apenas pra si, não atribui nenhuma vantagem para o nosso serviço em prol à cultura. Há quem diga, “Ah, mas agora é o momento de se conseguir tudo”. Antes assim fosse, mas não é. Bem verdade, acredito que esse tempo político mais vem a atrapalhar do que a somar alguma coisa de nosso interesse cultural. Como já afirmei, estão todos os políticos voltados a si e assim será até o término do período eleitoral. Depois, veremos o que fazer. O esperado é que haja alguma conclusão a respeito de como resolver as tantas dificuldades de se ter um espaço para realizar as nossas apresentações artísticas - praticamente não há espaço! É por isso que conto com a ajuda de todos os envolvidos na cultura, caso haja necessidade de um manifesto público. E, pelo que tenho percebido, mais do que necessário, esse tipo de reivindicação já se faz urgente.